PSICANÁLISE: INVESTIGAÇÃO OU TERAPIA?

Este trabalho figura no volume:”ESTUDOS PSICANALÍTICOS”, publicado em 1974 pelos Psicanalistas da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre,
Annes, Sérgio Paulo
Meneghini, Luiz Carlos de Almeida
Pinto Ribeiro, Roberto
Romanowski, Romualdo e
Vollmer Filho, Germano

Trabalho apresentado pelos autores, Sérgio Paulo Annes e Luiz Carlos de Almeida Meneghini, por designação da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre, como relatório ao tema oficial proposto pela Comisssão Organizadora do X Congresso Latino-Americano de Psicanálise, realizado no Rio de Janeiro de 19 a 25 de julho de 1974.

Preliminarmente, caberia situar o problema suscitado pelo tema oficial, onde é questionado se a Psicanálise é investigação ou terapia, indagando nas raízes infantis que irão motivar atitude cintíficas no adulto.

A investigação, obviamente, tem seu ponto de partida nos impulsos escoptofílicos  da criança, exaustivamente examinada na obra de Freud (10, 11, 12) e cujo estudo foi muito desenvolvido por Abraham (1) e muito aprofundado por Melanie Klein (20, 21, 22, 23).

Da leitura dos trabalhos citados, ressalta nitidamente a estreita vinculação dos impulsos escoptofílicos com o sadismo, visto que a primeira curiosidade se dirige, carregada de agressão, contra os conteúdos fantasiados do corpo da mãe.

 Daí se segue que a evolução normal dos impulsos epistemofílicos, até atingir um alto grau no espírito perquiridor do cientista, pressupõe, como requisito imprescindível, a elaboração adequado do intenso sadismo da criança através da superação das ansiedades inerentes à posição depressiva infantil.

Ora, nesta etapa remota, isso se faz com o surgimento de tendências reparadoras, onde se assentam todos os processos sublimatórios posteriores e encontra sua origem o desejo de curar, expressão da necessidade de reparar objetos internos.

Ainda que em outros ramos do conhecimento do homem – onde se lida com parte dele: objetos parciais, portanto – possa ocorrer uma dissociação entre pesquisa e tratamento, já o mesmo não é cabível em Psicanálise. Isso porque nela se visualiza o homem em sua totalidade, com a integração de todos os seus aspectos e o processo analítico tem, entre suas finalidades, levar o paciente à reparação de seus objetos internos.

Pensam os autores serem estas as razões mais profundas pelas quais, na bibliografia consultada, a Psicanálise não aparece ora como investigação ora como terapia, alternada ou separadamente, mas sempre como um conjunto onde se englobam os seguintes enfoques:

 “1 – Um método para a investigação dos processos mentais.
  2 -  Um método, baseado nesta investigação, para o tratamento dos distúrbios neuróticos.
  3 – Uma série de concepções psicológicas adquiridas por este meio e que se vão ajuntando umas à outras para formarem progressivamente, uma nova disciplina científica.”

S. Freud, 1923. (16)
Com efeito, Freud, em 1894 (7), Empregou expressões tais como “análise”, “análise psíquica”, “análise psicológica” e “análise hipnóica”, em seu trabalho “As Neuropsicoses de Defesa”.
Somente a partir de 1896 introduziu o termo “Psicanálise”, num artigo sobre a etiologia das neuroses, cuja primeira versão foi publicada em francês: “L´Hérédité e lê L´Étiologie des Névroses”  (8).
Em alemão, “psicanálise” figura pela primeira vez em “Novas Observações sobre as Neuropsicoses de Defesa” de 1896 (9). Desde então, o uso do termo “psicanálise” consagrou o abandono da catarse sob hipnose, bem como a sugestão, passando a se recorrer, exclusivamente, à regra da associação livre para a obtenção do material.

Vejamos o que diz Freud em 1913, no “Múltiplo Interesse da Psicanálise” (13):
“A psicanálise é um procedimento médico que aspira à cura de certas formas de nervosismo (neuroses).”
Acrescenta na “História do Movimento Psicanalítico”, de 1914 (14):
“...naquela época existiam para mim poderosos motivos para esforçar-me em achar o meio de aliviar o estado dos enfermos nervosos ou chegar, pelo menos, à compreensão de suas doenças...” ...”achava-me perplexo ante os desenganos que me proporcionava a eletroterapia de W. Erb...”

Confessa deste modo Freud que, decepcionado com os meios terapêuticos a seu alcance na época e preocupado em aliviar a  sintomatologia e curar seus pacientes, procurou investigar a fim de compreender o que os atormentava.
Outra coisa não é o que diz Ernest Jones, já em 1930, muito antes de empreender a biografia do mestre, em seu trabalho “Psicanálise e Biologia” (18).
“As investigações de Freud foram de natureza excepcionalmente empíricas, ditadas por motivos terapêuticos antes que por razões puramente científicas.”

Melanie Klein lamentava o curso de medicina abandonado na adolescência e sempre conservou vivo interesse por essa profissão (5). Em 1953, no seu artigo “A Técnica Psicanalítica do Brinquedo: sua história e significação”, onde diz haver sempre se guiado
por dois princípios fundamentais estabelecidos por Freud, a exploração do inconsciente como tarefa básica da psicanálise e a análise da transferência como meio de lograr este objetivo, ao relatar seu primeiro caso, assim começa:
“... este tratamento foi realizado na casa da criança com seus próprios brinquedos.”
Diverso não é o pensamento de autores contemporâneos, como José Bleger e Willy Baranger: O primeiro afirma:
“ A psicanálise começou como um procedimento terapêutico e nunca deixou de sê-lo...” não creio que, em nenhuma análise, possa estar ausente a intenção curativa...” (6)

O segundo confirma:
          “Alem disso, em seu trabalho específico, o analista não investiga por investigar, senão com o fim de modificar a situação de seu paciente”. (4)
J. Laplanche e J. B. Pontalis, em seu “Vocabulaire de la Psychanalise”, de 1968 (25), no verbete dedicado ao conceito de psicanálise afirmam o seguinte:
          “Psicanálise: Disciplina fundada por Freud na qual, como ele, podemos distinguir os seguintes níveis:
          1 – um método de investigação que consiste essencialmente na evidenciação do significado inconsciente das palavras, das ações, das produções imaginárias (sonhos, fantasias, delírios) do indivíduo. Este método baseia-se, principalmente, nas associações livres do indivíduo, que são a garantia da validade da interpretação. A interpretação psicanalítica pode estender-se a produções humanas para as quais não se dispõe de associações livres.
          2 – um método psicoterápico baseado nesta investigação e especificado pela interpretação controlada da resistência, da transferência e do desejo. Com este sentido, se relaciona o uso de psicanálise como sinônimo de tratamento psicanalítico. Ex.: começar uma psicanálise (ou uma análise).
          3 – um conjunto de teorias psicológicas e psicopatológicas em que ao sistematizados          
os dados introduzidos pelo método psicanalítico de investigação e tratamento.”
Não é outra conceituação que encontramos em “A Glossary of Psychoanalytical Terms and Concepts”, de 1968 (2):
          “Psicanálise é um ramo da ciência desenvolvido por S. Freud e seus seguidores dedicada ao estudo do funcionamento psicológico e comportamento humanos. Ela é usualmente considerada como tendo três implicações referentes a:
          1 – um método da investigação da mente;
          2 – um corpo sistematizado de conhecimentos acerca do comportamento humano;
          3 – um método de tratamento das doenças psicológicas ou emocionais...”
Como se vê, não há discrepância quanto ao que seja psicanálise: é uma investigação que tem por objetivo o tratamento das doenças emocionais, além de ser, também, um corpo sistematizado de conhecimentos e teorias referentes ao comportamento humano.

Numa única contingência – pensam os relatores – pode a psicanálise ser considerada exclusivamente como investigação, despojada de finalidades terapêuticas. Isto ocorre em psicanálise aplicada. Ao investigar a vida e obra de Leonardo Da Vinci, Dostoiesvski e outros, Freud não alimentava propósitos terapêuticos. Mas também é verdade que semelhantes investigações, além de reforçarem a convicção nos postulados psicanalíticos, funcionam no sentido de trazer novos subsídios à psicanálise clínica, ensejando novos enfoques para a compreensão da mente dos pacientes.

Afora, portanto, esta situação especial da psicanálise aplicada, a psicanálise é sempre, simultaneamente, uma investigação e um tratamento.
A tentativa de dissociar o binômio investigação-tratamento, negando à psicanálise intenções terapêuticas  poderia encontrar sua origem, em termos superficiais, em primeiro lugar, num desejo de escapar ao “furor sanandi”, contra o qual advertiu Freud (15). Ele, entretanto estava se referindo a uma perturbadora e patológica situação contra-transferêncial, estribada na onipotência e numa compulsão em obter resultados chamativos e gratificadores do narcisismo do terapeuta, tudo isto a curto prazo. Poder-se-ia pensar, a propósito disso que, em – tanto em sua dimensão de investigação ou te rapêutica – o analista e o paciente devem renunciar ao princípio do prazer, com satisfações imediatistas e conseguidas a curto prazo, como seja a mera  remoção de sintomas – que pode ser alcançada, aliás, por métodos que não exijam as renúncias de uma análise bem conduzida --  para obter resultados mais duradouros que decorrem de uma investigação mais prolongada e profunda. É, portanto, uma terapêutica baseada no principio da realidade, que posterga a obtenção de satisfações momentâneas em troca de maiores benefícios no futuro. Neste sentido, poder-se-ia equiparar o trabalho analítico a assim chamada “pesquisa pura”, onde se empenha grande número de cientistas que, de fato, não renunciam aos benefícios que dela possam advir para a humanidade mas apenas aguardam, com a mesma neutralidade benevolente do analista que os resultados surjam, espontâneos e seguros, com o evoluir do processo.
Não se encontrará, entretanto, em toda a obra de Freud, nenhuma crítica ou advertência contra o que os relatores chamariam de “animus curandi”, isto é, a intenção de curar.

A propósito de furores terapêuticos associados a furores investigatórios – e também é difícil aqui dissociar o binômio, de vez que seus componentes sempre andam juntos – caberia relembrar a figura de Simão Bacamarte, descrita por Machado de Assis (3) em seu conto “O Alienista”. Tendo renunciado à reitoria da Universidade de Coimbra, posto para o qual o teria convidado o Rei de Portugal,  diz Bacamarte ao chegar em sua vila, onde se estabeleceria como médico, escolhendo a psiquiatria, especialidade ainda sem expoentes no Brasil, circunstância que mais lhe exacerbava a ambição: “A ciência é meu emprego único e Itaguaí é o meu universo”.

Alertado sobre a feiúra daquela que escolhera para sua companheira, alegava que tanto melhor, pois menos ficaria distraído por sua beleza e mais se poderia dedicar à investigação da patologia cerebral e à descoberta do remédio universal. Comprovada a esterilidade da mulher, desenvolve teorias mirabolantes, seguidas da práxis conseqüente. Disso resultam, mercê de seu “furor sanandi”, quatro quintos da população de Itaguaí internados na Casa Verde. Lá também estava sua mulher, hospitalizada porque havia hesitado se deveria  envergar o colar de safiras ou o de granadas em um baile da Câmara Municipal. Depois de muitas peripécias, Bacamarte a todos libera e termina, por decisão própria, internando-se na Casa Verde para morrer.

Em segundo lugar, como razão histórica, poder-se-ia perguntar se o eventual rechassoàs finalidades terapêuticas da psicanálise – que acima foi chamado de”animus curandi” – buscando fazer unicamente pesquisa ou investigação,não significaria, em realidade, um ataque à medicina e à psiquiatria.
Sabemos que Freud, nos primeiros tempos de suas descobertas, recebeu, da parte de seus colegas médicos, neurologistas e psiquiatras, repúdio que se traduzia desde às críticas irônicas e agressiva até atitudes mais veladas de desprezo e desdém, que o marcaram profundamente, deixando ressentimentos que o levaram muitas vezes a desvalorizar a “mãe medicina-neurologia-psiquiatria”, de onde nasceu a psicanálise. Conservou entretanto, profundamente, seu amor e reconhecimento a essa mãe por vezes rechaçante, afirmando em várias oportunidades as intenções curativas de sua ciência e mostrando mesmo incontida euforia quando médicos a reconheciam (19).

Nem caberia invocar que o “modelo” empregado em psicanálise diverge, fundamentalmente, do “modelo médico”, a não ser que se queira, ardilosamente, argumentar que ainda prevalecem na medicina atual “modelos” como, por exemplo, o da patologia celular de Wirchow, quando se sabe que hoje o “modelo médico” de pensar, muito evoluiu num sentido dinâmico e integral, evolução para qual foi de fundamental importância o advento e a incorporação das idéias psicanalíticas.

Assim, pois, como o “furor sanandi” representa um dos extremos desencadeados por uma reação contra-transferêncial patológica e, como tal, merecedora de atenção e tratamento, a atitude de colocar a psicanálise dissociada da terapêutica, como pura investigação, poderia
ser entendida como uma reação fóbica, com o predomínio de mecanismos de anulação e isolamento dentro do campo transferêncial ou reveladora, também de fortes elementos depressivos, já de ordem patológica, que comprometem a atividade modificadora do analista.

Nos relatórios oficiais apresentados ao IX Congresso Latino-Americano de Psicanálise realizado em 1972 na cidade de Caracas sobre o tema “Critérios de Cura e Objetivos da Analise”, os relatores são unânimes em classificar a análise como terapêutica.
Já citamos anteriormente a posição de Bleger (6) e o outro relatório, apresentado pela Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (17) , segue a mesma linha de pensamento, conforme se verifica dos trechos a seguir:

“Este fato dá à análise sua característica única de ser, simultaneamente, um método         de investigação e de tratamento. O analista, ao mesmo tempo em que investiga, trata seu paciente.”

Citando Greenacre, seus autores vêem o “furor curandi” como um sadismo subjacente do analista que quer levar o paciente a gratificar o seu (do analista) narcisismo. E segue o relatório:

“Podemos apontar ainda como causa do “furor curandi” um excessivo sentimento de culpa do analista pelo exercício profissional, o que o levará a uma atitude perfeccionista, a exigir ´curas´ notáveis, sucessos profissionais e estatísticas brilhantes.”
Mais adiante, citando Oberndorf, que chama a atenção para a atitude de “pura investigação”, oposta à do “furor curandi”, atribuindo-a ao masoquismo latente do analista, acrescentam:

“Poderíamos citar ainda, como causa desta ´renúncia à cura´ uma incapacidade do analista de reparação dos objetos, por temor paranoide a eles ligado e que levaria a uma atitude fria e distante de investigação”.
Do ponto de vista do paciente que, atribulado por ansiedades e sintoma, vai em busca de análise – tratamento prolongado, dispendioso e penoso pelo enfrentamento com partes rechaçadas de seu “self” – não é lícito que o analista pense que ele vem em busca de esclarecimento de uma mera curiosidade a respeito de si próprio, mas sim com a intenção de ser aliviado e curado. Nos casos em que o paciente procura o analista com uma atitude sofisticada de pura curiosidade intelectual, obviamente o trabalho inicial da análise incidirá sobre essa defesa, sob pena de comprometimento de todo o processo posterior.

Do ponto de vista do analista, a aceitação de uma análise assim proposta por um paciente, esbarraria, além das convicções de ordem científica alinhadas ao longo deste trabalho, em impedimentos de ordem ética que delas decorrem e que se anunciam nas próprias regras contidas no juramento hipocrático e nas disposições de deontologia médica vigentes no país.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

1 – ABRAHAM, K. (1913): “Restrictions and  Transfoormations of Scoptophilia in Psycho-Neurotics; With Remarks on Analogous Phenomena in Folk-Psychology” in “Selected Papers”. – The Hogarth Press, London, 1949, p.169 – 234.
2 – THE AMERICAN PSYCHOANALYTICASSOCIATION – (1968) :”A Glossary of Psychoanalytic Terms and Concepts”. Edited by Burness, M. D. & Bernard D. Fine, M.D. , N.York, U.S.A. – 1968, p.78.
3 – Machado de Assis, José Maria (1877 – 1882) : “O Alienista” in: “Obras Completas”. Ed. José Aguilar Ltda. São Paulo, BRASIL.1962, Vol. II, p.253 – 288.
4 – BARANGER, W. (1959): Métodos de Objetivación en la Investigatión Psichoanalítica”. Revista Uruguaya de Psichoanálisis, Vol.III, n. 1, p. 26., Montevidéu, Uruguay, 1959.
5 – BION, W. R. , Rosenfeld, H., Segal, H. (1961): “Melanie Klein” – The Int. J. Psychoan.,
London, 42:4 -8,1961.
6 – BLEGER, J. (1972): “Criterios de Curación y Objetivos Del Psicoanalisis” – Relato Oficial Del IX Congresso Latino-Americano de Psicoanalisis – Soc. Psicoanalitica Argentina – Caracas, Venezuela.
7 – FREUD, S. (1894): “The Neuro-Psychoses of Defence” S. E. III, p. 45 – 68.
8 --     “      ,  “.  (1896): “Heredity and the Aetiology of Neuroses”, S. E. III,p.143 – 156.
9 --     “         “   (1896):  “Further Remarks on the Neuro-Psychoses of Defense” S.E. III. p.         10--    “         “   (1905): “Three Essays on Theory of Sexuality”, S. E. VII. P. 125 – 243.
11-     “         “   (1909): “Notes upon a Case of Obsessional Neurosis”, S. E. X, p.153 –249
12-     “          “  (1913): “The Disposition to Obsessional Neurosis”, S.E. XII, p.311—326.
13-     “          “  (1913):  “The Claims of Psycho-Analysis to Scientific Interest”. S.E. XIII,                              
                                          p.165—189.
14-     “          “ (1914):   “On the Historyof the Psycho-Analytic Movement” – S.E.p. 7-71
15-     “          “ (1915):    “Observations on Transference-Love”. S.E. XII, p.159-171
16-     “           “ (1923):    “Two Encyclopaedia Articles” – S.E. XVIII, p. 235-259.
17-  GUEDES, F., WAGNER, J. M. S., ZIMMERMANN, D. (1972): “Critérios de Cura e          
                                           Objetivos da Análise” – Relatório Oficial do IX Congresso
                                            Latino-Americano de Psicanálise – SPPA, Caracas, Venezuela.
18- JONES, E. (1930):       “Psycho-Analysis and Biology” in “Essays in Applied Psycho-
                                            Analysis” – The Hogarth PRESS, London, 1951-Vol. I, p. 136-164
19- JONES, E. (1955):        “Life and Work of Sigmund Freud” – Basic Books Publishing, 1955
                                            N. York, U. S. A., Vol.II.
20- KLEIN, M. (1928):       “Early Stages of the Oedipus Conflict” in “Contribuitions to Psycho-
                                             Analysis” – The Hogarth Press, London, 1950. p. 204-205
21-  KLEIN, M.   (1930) :            “ The Importance of Symbol-Formation in the Development                                                                                                                                                             Of the Ego”  in “Contribuitions, etc. p. 238-245.
22 -  KLEIN, M.   (1931):    “       “A Contribuition to the Intelectual Inibition” in Contribuitions
                                                        , etc. p.259.
23 -  KLEIN, M.     (1932)           “The Psycho-Analysis of Children” The Hogarth Press, London
24 -  KLEIN, M.    (1953)            “The Psycho-Analytic Play Technique: Its History and                                                                           Significance” in “New Directions in Psycho-Analysis” . Basic                                                  Books. N.Y-USA.1955.p. 3-22
25 – LAPLANCHE, J., PONTALIS, J.B  (1968): “Vocabulaire de la Psychanalyse”  Press Univ. de France, Paris, 1968, p.350-352.